O Nepal foi jogado em turbulência política depois que o primeiro-ministro do país foi forçado a renunciar após a indignação pública por sua resposta a uma segunda onda mortal de Covid-19.
K. P. Sharma Oli - que divulgou remédios não comprovados contra o coronavírus e participou de eventos lotados, mesmo com o aumento dos casos - foi removido de seu cargo depois de perder um voto de confiança na segunda-feira.
Há apenas um mês, a nação do Himalaia de 31 milhões de pessoas estava relatando cerca de 100 casos de Covid-19 por dia. Na terça-feira, registrou 9.483 novos casos e 225 mortes relacionadas ao vírus, de acordo com seu Ministério da Saúde – o maior número de mortes em um dia desde o início da pandemia.
Alguns associaram a segunda onda do país ao surto na vizinha Índia, que começou em meados de março. Os dois países compartilham uma longa e aberta fronteira terrestre pela qual as pessoas viajam facilmente para frente e para trás.
Cenas na Índia, de piras funerárias e pessoas fazendo fila do lado de fora dos hospitais, estão sendo replicadas no Nepal, onde os hospitais estão ficando sem oxigênio e recusando pacientes.
Um trabalhador crema as vítimas do Covid-19 no crematório do Templo Pashupatinath em Katmandu, em 9 de maio.
Críticos dizem que a complacência pública e a inação do governo provavelmente pioraram o surto de coronavírus no Nepal. Embora possa não ter sido possível evitar uma segunda onda, especialistas dizem que o governo poderia ter feito mais para controlá-la.
À medida que a crise se desenvolvia, o principal parceiro de coalizão do governo, o Centro Maoísta, retirou seu apoio, levando Oli a buscar uma votação parlamentar para provar que tinha apoio suficiente para permanecer no poder.
Oli precisava de pelo menos 136 votos na Câmara dos Representantes de 275 membros para garantir a maioria e salvar seu governo. Mas ele recebeu apenas 93 votos - 124 membros votaram contra ele.
Dado o fracasso de Oli em garantir um voto de confiança, o presidente do Nepal e chefe cerimonial de Estado, Bidhya Devi Bhandari, agora fará um apelo para formar um novo governo.
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